Engenharia de Produção

A Engenharia de Produção e suas 10 Áreas de atuação

Saiba o que é a Engenharia de Produção, quais são suas dez áreas de atuação e entenda como esse profissional se encaixa no mercado de Engenharia do Brasil.

A formação em Engenharia de Produção dá abrangência para atuação em diversos setores, desde a mineração, passando pela indústria automobilística até a prestação de serviços. Cabe a esse profissional lidar com os mais variados recursos com a finalidade de aumentar produtividade e rentabilidade do negócio.

Características como saber trabalhar em equipe, espírito empreendedor e postura global são indispensáveis, bem como o domínio de ferramentas computacionais e ter fluência em outros idiomas (inglês, principalmente, além de espanhol e/ou francês).

Mas por definição, o que é Engenharia de Produção?

Uma das melhores definições pode ser encontrada no livro ‘Introdução à Engenharia de Produção’, da coleção Campus-ABEPRO, que é uma parceria da Editora Campus-Elsevier com a ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), que diz o seguinte:

“A Engenharia de Produção trata do projeto, aperfeiçoamento e implantação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia, para a produção de bens e serviços, de maneira econômica, respeitando os preceitos éticos e culturais. Tem como base os conhecimentos específicos e as habilidades associadas às ciências físicas, matemáticas e sociais, assim como aos princípios e métodos de análise da engenharia de projeto para especificar, predizer e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas”.

Além disso, segundo a ABEPRO, a Engenharia de Produção é dividida em 10 áreas do conhecimento, de forma que qualquer curso de graduação ou pós-graduação, projeto de pesquisa ou atuação profissional precisam estar pautados de acordo com essas áreas.

Veja esse vídeo que faz um resumo sobre a Engenharia de Produção e suas 10 áreas do conhecimento:

 

Conheça então cada uma das 10 áreas:

 

  1. Engenharia de Operações e Processos da Produção.

“Projetos, operações e melhorias dos sistemas que criam e entregam os bens ou serviços primários da empresa”.

Tem como subáreas: Gestão de Sistemas de Produção e Operações; Planejamento, Programação e Controle da Produção; Gestão da Manutenção; Projeto de Fábrica e de Instalações Industriais: organização industrial, layout/arranjo físico; Processos Produtivos Discretos e Contínuos: procedimentos, métodos e sequências; e Engenharia de Métodos.

Neste sentido, o Engenheiro de Produção pode, por exemplo, projetar o layout industrial de sistemas produtivos, desenvolver ferramentas de PCP (Planejamento e Controle da Produção) e PCM (Planejamento e Controle da Manutenção), analisar e projetar melhorias nos processos a partir de procedimentos, métodos e sequências, fazer a gestão das operações envolvidas nestes sistemas, entre outras atividades.

 

  1. Logística.

“Técnicas para o tratamento de questões envolvendo transporte, movimentação, estoque e armazenamento de insumos e produtos, visando redução de custos, garantia da disponibilidade do produto e atendimento às exigências dos clientes”.

Suas subáreas são: Gestão da Cadeia de Suprimentos; Gestão de Estoques; Projeto e Análise de Sistemas Logísticos; Logística Empresarial; Transporte e Distribuição Física; Logística Reversa; e Logística de Defesa.

Na Logística, o Engenheiro de Produção lida, basicamente, com gestão e melhoria de processos relacionados a transporte e movimentação de matérias primas, produtos intermediários e produtos finais. Através de toda a cadeia produtiva, ele garante que estes itens estejam sempre disponíveis quando solicitados. Além disso ele pode trabalhar para a otimização de espaços físicos através da gestão de estoque e armazenamento destes produtos.

Em termos de interdisciplinaridade com as outras áreas, é possível também, por exemplo, desenvolver ferramentas de Pesquisa Operacional para buscar melhorias nos sistemas logísticos ou utilizar a Logística Reversa em prol da Engenharia da Sustentabilidade.

 

  1. Pesquisa Operacional.

“Resolução de problemas reais envolvendo tomada de decisão, através de modelos matemáticos, aplicando conceitos e métodos de outras disciplinas científicas na concepção, no planejamento ou na operação de sistemas para atingir seus objetivos”.

Trabalha com as seguintes subáreas: Modelagem, Simulação e Otimização; Programação Matemática; Processos Decisórios; Processos Estocásticos; Teoria dos Jogos; Análise de Demanda; e Inteligência Computacional.

Neste processo, o Engenheiro de Produção trabalha, principalmente, com ferramentas computacionais que auxiliam na modelagem, simulação e otimização de modelos dos mais simples até os mais complexos.

A Pesquisa Operacional pode ser acionada para auxiliar na resolução de questões das outras áreas, como já foi citado em relação à Logística. Ela também pode ser utilizada através da Programação Linear em um processo de PCP ou para otimização de custos em um determinado processo, por exemplo. Ela é uma subárea que também permite bastante interdisciplinaridade.

 

  1. Engenharia da Qualidade.

“Planejamento, projeto e controle de sistemas de gestão da qualidade que considerem o gerenciamento por processos, a abordagem baseada em dados concretos para a tomada de decisão e a utilização de ferramentas da qualidade”.

Possui as seguintes subáreas: Gestão de Sistemas da Qualidade; Planejamento e Controle da Qualidade; Normalização, Auditoria e Certificação para a Qualidade; Organização Metrológica da Qualidade; e Confiabilidade de Processos e Produtos.

Na parte de Qualidade, o Engenheiro de Produção pode tanto desenvolver como utilizar ferramentas (qualitativas e quantitativas) para controle de qualidade de produtos e processos. Pode-se lançar mão do controle estatístico do processo, além de conceitos e ferramentas estatísticas voltadas para qualidade e confiabilidade.

Exemplos de ferramentas qualitativas são o Fluxograma de Processo e Diagrama de Ishikawa (ou Espinha de Peixe). Já em relação a ferramentas quantitativas podemos citar Diagrama de Pareto, Histograma e Cartas de Controle.

 

  1. Engenharia do Produto.

“Conjunto de ferramentas e processos de projeto, planejamento, organização, decisão e execução das atividades estratégicas e operacionais de desenvolvimento de novos produtos, compreendendo desde a concepção até o lançamento do produto e sua retirada do mercado”.

Suas subáreas são: Gestão do Desenvolvimento de Produto; Processo de Desenvolvimento do Produto; e Planejamento e Projeto do Produto.

No processo de desenvolvimento de novos produtos ou adaptação e melhoria de produtos já existentes, o Engenheiro de Produção pode atuar diretamente em cada etapa, estudando o mercado e quais as melhores atribuições para o produto de acordo com os consumidores. Isso pode ser feito planejando todo o processo desde o momento que ele é idealizado até o descarte, passando por desenvolvimento de cada processo de produção, como será a cadeia de suprimentos, o que será produzido e o que será comprado durante sua produção, entre outras possibilidades.

 

  1. Engenharia Organizacional.

“Conjunto de conhecimentos relacionados à gestão das organizações, englobando o planejamento estratégico e operacional, as estratégias de produção, gestão empreendedora, propriedade intelectual, avaliação de desempenho organizacional, sistemas de informação e os arranjos produtivos”.

Tem como subáreas: Gestão Estratégica e Organizacional; Gestão de Projetos; Gestão do Desempenho Organizacional; Gestão da Informação; Redes de Empresas; Gestão da Inovação; Gestão da Tecnologia; Gestão do Conhecimento; e Gestão da Criatividade e do Entretenimento.

Na Engenharia Organizacional são trabalhadas questões de inovação e tecnologia, planejamento estratégico, avaliação de desempenho de negócios, gestão de projetos das mais variadas áreas, de forma que o espírito empreendedor do Engenheiro de Produção é mandatório. Assim, ele consegue entender e gerir a organização como um todo e/ou seus setores de forma integrada, tendo como apoio algum sistema de informação.

 

  1. Engenharia Econômica.

“Formulação, estimação e avaliação de resultados econômicos para analisar alternativas na tomada de decisão, trabalhando com um conjunto de técnicas matemáticas para simplificar a comparação econômica”.

Possui as seguintes subáreas: Gestão Econômica; Gestão de Custos; Gestão de Investimentos; e Gestão de Riscos.

A Engenharia Econômica é a subárea que é grande responsável pela inserção do Engenheiro de Produção em setores bancários, por exemplo. O amplo conhecimento de processos produtivos dentro de organizações associado ao raciocínio lógico apurado é um grande auxílio para tomadas de decisões. Assim, é possível entender os riscos de determinados investimentos, desenvolver sistemas de gestão de custos, análises de lucratividade etc.

 

  1. Engenharia do Trabalho.

“Projeto, aperfeiçoamento, implantação e avaliação de tarefas, sistemas de trabalho, produtos, ambientes e sistemas para serem compatíveis com as necessidades, habilidades e capacidades das pessoas, visando melhor qualidade e produtividade e também preservando a saúde e integridade física”.

Trabalha com as seguintes subáreas: Projeto e Organização do Trabalho; Ergonomia; Sistema de Gestão de Higiene e Segurança do Trabalho; e Gestão de Riscos de Acidentes do Trabalho.

Na Engenharia do Trabalho o Engenheiro de Produção atua na concepção de condições de trabalho que proporcionem maior produtividade e qualidade, mas que preservem a saúde e integridade física dos trabalhadores, tanto no curto prazo como no longo prazo.

Além disso, de acordo com o grau de risco dos processos e a quantidade de funcionários, muitas empresas são obrigadas a manter um quadro de funcionários específicos para saúde e segurança do trabalho, que tenha técnicos, engenheiros, enfermeiros e médicos. Por conta disso, os engenheiros têm como possibilidade se especializarem em Engenharia de Segurança do Trabalho e poderem assinar como responsáveis técnicos nessa área.

 

  1. Engenharia da Sustentabilidade.

“Planejamento da utilização eficiente dos recursos naturais nos sistemas produtivos, da destinação e tratamento dos resíduos e efluentes destes sistemas, além da implantação de sistema de gestão ambiental e responsabilidade social”.

Tem como subáreas: Gestão Ambiental; Sistema de Gestão Ambiental e Certificação; Gestão de Recursos Naturais e Energéticos; Gestão de Efluentes e Resíduos Industriais; Produção Mais Limpa e Ecoeficiência; Responsabilidade Social; e Desenvolvimento Sustentável.

Por conta do impacto ambiental que o planeta vem sofrendo em relação às indústrias e ao seus produtos, entidades governamentais e mundiais estão debatendo, nas últimas décadas, normas que visam diminuir a degradação do meio ambiente, sem esquecer as comunidades que vivem próximas a estas organizações.

Assim como nas questões de segurança, de acordo com o grau de impacto ambiental, as empresas são obrigadas a manter um quadro de funcionários especializados em gestão e certificação ambiental.

Assim, o papel do Engenheiro de Produção na sustentabilidade é desenvolver processos e produtos que atendam as especificações destas normas, trabalhar para que as empresas sejam certificadas de acordo com os órgãos atuantes. Também deve-se buscar produzir de forma eficiente e menos impactante possível, tratando adequadamente os efluentes e resíduos industriais.

 

  1. Educação em Engenharia de Produção.

“Universo de inserção da educação superior em engenharia (graduação, pós-graduação, pesquisa e extensão) e suas áreas afins, a partir de uma abordagem sistêmica englobando a gestão dos sistemas educacionais em todos os seus aspectos: a formação de pessoas (corpo docente e técnico administrativo); a organização didático-pedagógica, especialmente o projeto pedagógico de curso; as metodologias e os meios de ensino/aprendizagem”.

Suas subáreas são: Estudo da Formação do Engenheiro de Produção; Estudo do Desenvolvimento e Aplicação da Pesquisa e da Extensão em Engenharia de Produção; Estudo da Ética e da Prática Profissional em Engenharia de Produção; Práticas Pedagógicas e Avaliação Processo de Ensino-Aprendizagem em Engenharia de Produção; Gestão e Avaliação de Sistemas Educacionais de Cursos de Engenharia de Produção.

O papel do Engenheiro de Produção, neste caso, é justamente participar de estudos e debates para que a formação deste profissional seja mais qualificada possível, de forma que seja assimilado pelo mercado no mais alto conceito possível. Assim, é possível ter uma Engenharia forte e que atenda às necessidades das empresas em relação ao que o Engenheiro de Produção pode oferecer dentro das suas áreas do conhecimento.

Essa área tem sido alternativa para aqueles que possuem bastante experiência profissional, foram demitidos durante uma crise na empresa onde trabalhavam e desejam passar esse conhecimento adiante. Outro tipo de profissional encontrado nessa área são os pesquisadores, que buscam a produção de conhecimento científico e inovação nessa área.

O que ambos têm em comum é a atuação acadêmica, ou seja, o desenvolvimento destes trabalhos em Instituições de Ensino Superior, podendo ser pública ou privada. Neste sentido, é importante para aqueles que desejam atuar nessa área buscar as formações de Mestrado e Doutorado, não apenas porque isso têm sido exigência nos concursos públicos, mas também para se desenvolver em termos de pesquisa científica e didática.

 

  Este post é uma parceria com a página Engenharia de Produção

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Nelson Júnior

Engenheiro e Mestre em Engenharia de Produção. Apaixonado pela Educação e Pesquisa em Engenharia. Engenheiro de Produção do Departamento Técnico (DETEC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Federal de Goiás (UFG) - Campus Aparecida de Goiânia (CAP) e YouTuber do canal Engenheiro de Produção.

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