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Indústria 4.0: Qual o impacto para o Engenheiro recém formado?

O termo Indústria 4.0 (I4.0) surgiu a partir de um projeto de estratégias do governo alemão voltadas à tecnologia. Este foi utilizado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011. Em abril de 2013 foi publicado na mesma feira um trabalho final sobre o desenvolvimento da Indústria 4.0, o qual explicava que seu fundamento básico seria conexão de máquinas, sistemas e ativos, onde as empresas poderiam criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor e controlariam os módulos da produção de forma autônoma.

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A partir deste momento, estudos iniciaram sobre o assunto e de acordo com a Academia Nacional de Ciência e Engenharia da Alemanha, com a adoção e implementação da I4.0 esperam-se ganhos na produtividade de até 30%, além da flexibilização dos serviços de massa, aumento da qualidade dos produtos e diminuição dos custos.

Por isso, os profissionais que atualmente estão finalizando seus cursos de Engenharia de Produção precisam estar à frente do que muitas vezes o seu curso oferece, pois a I4.0 está criando novos modelos de negócio. Alguns desses pontos são:

  • customização prévia do produto por parte dos consumidores,
  • fábricas inteligentes com sistema de produção descentralizado, onde os recursos da produção interagem entre si através do Cyber-Physical Systems (CPS), além de análises em tempo real dos dados do seu processo via Big Data possibilitando decisões mais rápidas,
  • maior confiabilidade e interação máquina-máquina,
  • internet das coisas com a aplicação de tecnologias como a por rádio frequência (RFID) para controle de estoques,
  • internet dos serviços possibilitando maior flexibilização e customização em massa, como por exemplo a reposição automática de estoques nos supermercados à medida que ocorre a saída sem a necessidade de repositores,

São esperadas mudanças radicais também no papel dos funcionários, que deverão agir como gestores e supervisores da produção. Novas funções serão criadas, porém muitas outras, principalmente as repetitivas serão executadas por robôs. Dessa forma, propõe-se as seguintes reflexões sobre as algumas disciplinas comumente ministradas nos cursos de Engenharia de Produção:

  • Planejamento e Controle da Produção

Abordagem original: a disciplina objetiva apresentar a teoria básica e métodos clássicos de administração da produção com ênfase na atividade de planejamento, programação e controle (PPCP) de longo e médio prazos. Essa demonstração da aplicação dos Sistemas de Administração da Produção (SAP) geralmente é realizada da forma tradicional realizando os cálculos pertinentes e sem a inter-relação entre os vários tipos (MRP I e II, Just in Time, OPT).

Nova abordagem: segundo os princípios da I4.0 será necessário demonstrar a interoperabilidade dos conceitos de PCP além da virtualização, ou seja, os conceitos básicos tradicionais precisarão ser passados de forma interconectada e demonstrando a aplicação prática de forma simulada através de modelagens como a manufatura integrada por computador (CIM), visando a apresentação dos resultados em tempo real e com aprendizagem mais rápida.

  • Engenharia de Métodos

Abordagem original: seu foco principal é apresentar os estudos de tempos e movimentos para otimização de processos de produção, além de estudos como cronoanálise e medidas de desempenho, com ênfase nas tarefas repetitivas, para melhoria de processo.

Nova abordagem: com a automação e simulação dos processos, cada vez mais as tarefas repetitivas serão reduzidas e a interação homem-máquina será apenas através de salas de controle. Sendo desta forma necessário repassar os conceitos de otimização de processo focando no aspecto ergonômico das estações de trabalho e no entendimento dos conceitos através de simuladores, os quais reduzem tempo e retrabalho.

  • Gestão da Manutenção

Abordagem original: a disciplina apresenta os tipos de manutenção e os parâmetros de controle desta, além do papel do gestor, com ênfase muito mais mecânica do assunto e menos prática.

Nova abordagem: a manutenção é área chave para aplicação na I4.0, a disseminação dos conceitos de confiabilidade e a automação dessas ferramentas será fundamental nessa nova abordagem, pois as indústrias estão cada vez mais objetivando redução de custos e maior produtividade, o que é possível alcançar com esses estudos em manutenção.

  • Logística

Abordagem original: a disciplina objetiva apresentar o processo de logística que envolve transporte, armazenagem e distribuição, além da cadeia de suprimentos.

Nova abordagem: a apresentação do processo de logística integrada, fundamental para flexibilização na I4.0, precisará ser apresentada em conjunto com as novas tecnologias que integram a IoS, como por exemplo, a aplicação do RFID. A aplicação da Tecnologia da Informação na cadeia de suprimentos é de extrema importância.

 

Além da nova abordagem nas disciplinas tradicionais, faz-se necessário a inserção de novas disciplinas visando o atendimento às novas necessidades do mercado. Como por exemplo a:

– Modelagem Probabilística e Simulação: onde será necessário o aluno desenvolver e modelar sistemas reais utilizando como ferramentas processos estocásticos, teoria de filas e a simulação de processos, com o objetivo de avaliar possíveis mudanças de cenários e propor alternativas de solução através do uso de softwares como o ARENA.

– Métodos Estatísticos Aplicados à Engenharia de Produção: como complemento à disciplina de gestão da qualidade, seu foco seria na aplicação prática e automação do controle estatístico de processo (CEP), visando a otimização do processo e a descentralização na tomada de decisão.

+ Reflexão final

Com essa nova abordagem o recém formado será capaz de uma maior capacidade analítica e atuação rápida. Podendo desenvolver suas competências voltadas à inovação e gestão de pessoas de uma forma mais consciente e integrada aos objetivos da empresa. Consequentemente propiciando um crescimento profissional de sucesso.

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Cristiane Pimentel

Graduada, mestre e doutoranda em Engenharia de Materiais pela UFCG, pós-graduada em Administração pela Unifacs e em Gestão Empreendedora e Inovação pela UFCG. Futura docente na UFRB do curso de Engenharia de Produção. Possui 12 anos de experiência na área industrial metalúrgica. Expertise desenvolvida na aplicação de ferramentas de processo (CEP Controle Estatístico de Processo, 6 Sigma, desenvolvimento de materiais e destinação sustentável), qualidade (Pilares WCOM, Kaizen, TPM Manutenção Produtiva Total) e Lean Manufacturing. Além de certificação em auditorias interna e externa do Sistema de Gestão da Qualidade e Sistema de Gestão EHS, ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e ISO IEC 17025. Certificada pela Siqueira Campos como Green Belt. Auditora especialista na área de alumínio para o INMETRO. Nos últimos anos vem desenvolvendo trabalhos na área acadêmica nos estados da PB e PE em algumas pós-graduações como UFCG, FIP, Iesp e Joaquim Nabuco em disciplinas correlacionadas à Engenharia de Produção.

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